O comandante geral da polícia moçambicana negou hoje que
haja pontos controlados pelos insurgentes em Cabo Delgado, afirmando que as
Forças de Defesa e Segurança continuam a "trabalhar para repor a
ordem" naquela região do norte de Moçambique.
"Não existem zonas que se pode dizer que estão nas
mãos dos insurgentes. O que existem são zonas propensas às incursões dos
malfeitores", disse o comandante geral da Polícia da República de
Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, citado hoje pelo canal televisivo STV.
Bernardino Rafael admitiu que "prevalece a situação
de alteração da ordem na região", apontando os distritos de Mocímboa da
Praia, Muidumbe, Macomia e Quissanga como os mais críticos.
"As Forças de Defesa e Segurança continuam a
trabalhar para repor a ordem. Apelamos às populações para colaborarem, porque,
apesar de a maior parte deste jovens serem da Tanzânia [país vizinho], uma
parte é moçambicana. Eles estão a ser enganados com promessas de emprego",
declarou Bernardino Rafael.
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de
grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça
terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos, além de
156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e
terras em busca de locais seguros.
No final de março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram
invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua
bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado
militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de
Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.
Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques
que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das
povoações que invadiram.
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